
Quando pensamos no Guarujá a primeira ideia que nos salta a cabeça são praias absolutamente lotadas, cheias de prédios na sua orla e rodeadas por uma cidade já bastante desenvolvida. O que muitos de nós viajantes não imaginamos é que o Guarujá reserva algumas surpresas para quem quer fugir dos clichês da região e para quem busca o isolamento que o nosso desafiador período pandêmico exige.
A ideia do Falando de Viagem desde o início do planejamento dessa viagem era ir atrás desse lado B do mais famoso, e lotado, balneário paulista. Apelidada de "pérola do Atlântico", o Guarujá foi um ícone nos anos 50, guardando ainda hoje uma belíssima arquitetura em seus prédios dessa época, fica a confortáveis 85 quilômetros de São Paulo e tem uma infraestrutura turística de dar inveja a maioria das cidades de praia Brasil afora.
A história do Guarujá vem desde a Era Glacial, quando grupos seminômades habitavam a região. Conhecidos como Sambaquis, deixaram seus rastros em boa parte do litoral do sudeste brasileiro, e viviam da coleta de pequenos frutos do mar, peixes e animais silvestres. Logo chegaram os primeiros índios tupi e com eles veio o nome da cidade, Guaru-ya, que significa passagem estreita. Os tupis jamais habitaram a cidade, a usavam para pesca, caça e colheita de sal.
Os primeiros europeus a pisarem na região foram André Gonçalves e Américo Vespúcio, em 1502. Durante 300 anos o Guarujá foi um local unicamente de extração de óleo de baleia, pesca e com alguns poucos engenhos de açúcar. E é só em 1893, quando foi promovida a Vila Balneária, que a cidade começa a ser desenhada. Já no século XX recebe o título de Estância Balneária e em 1947 vira um município. Segundo a prefeitura, atualmente são 27 praias que se estendem por 22 quilômetros.
Nossa primeira parada foi no Delphin Hotel. Um dos mais tradicionais, foi criado em 1964 e segue como um dos ícones da hotelaria local. Fica na praia de Enseada, pé na areia, com vista para toda a orla. Um dos capítulos mais especiais do Delphin é seu restaurante, o Dona Eva. Criado em 1964, é um especialista na culinária praiana: peixes e frutos do mar encabeçam o cardápio, com tempero brasileiríssimo e sempre pratos fartos, para duas ou até três pessoas em alguns casos. Dona Eva, uma das fundadoras do hotel, empresta seu nome ao restaurante. Durante 30 anos o comando das delícias da cozinha ficava em suas mãos.
Trilhas para quem tem pernas
Com uma série de trilhas para todos os perfis de viajantes, sem dúvida, a das Ruínas está entre os principais cartões-postais da cidade. Encravada em uma das áreas de Mata Atlântica preservadas da região, ela dá acesso a três praias: Branca, Preta e Camburi. A trilha é de fácil acesso, com poucos trechos um pouco mais difíceis e pode ser feita pelo mais inexperiente trilheiro. São dois os caminhos: um pavimentado e outro que beira o mar.
Nos dois casos a vista que se tem ao longo do trajeto é deslumbrante. No meio da vegetação você ainda vai se deparar com uma preciosidade da história do nascimento do Guarujá: a Igreja Ermida do Guaibê, construída no século XVI. Existe atualmente um estudo que busca comprovar por meio de documentos históricos que essa foi a primeira igreja construída no Brasil. Era o local que o Padre Anchieta utilizava para a catequização de povos originários da região. A trilha desemboca na Praia Branca, uma preciosidade que mistura areia fina e clarinha, daí vem o nome, vegetação intacta e pouquíssima estrutura de praia. Alguns parcos quiosques e mansões roubam a vista completa da Mata Atlântica no lugar. Mais uma pequena trilha, essa mais curvilínea, nos leva a praia Preta e a do Camburi, igualmente isoladas e lindas.
Para se chegar até o início da trilha são dois os caminhos: siga em direção às praias de Pernambuco e Perequê, no sentido Bertioga. Esse caminho vai terminar na região da balsa (que liga Guarujá à Bertioga). Daí, basta deixar o carro em um dos estacionamentos, atravessar a estrada e o início da trilha está bem sinalizado. A outra opção é ir até Bertioga e de lá pegar a balsa. A entrada da trilha fica praticamente em frente da saída da balsa. O valor de travessia para automóveis e camionetes nos dias úteis é de R$ 12,30; já aos sábados, domingos e feriados é de R$ 18,40.
Isolamento nas areias
O Guarujá pode entregar muito bem dois tipos de praias para perfis distintos de viajantes. Desde o mais tradicional, que procura uma farta estrutura de praia e os mais aventureiros, atrás de natureza intacta. As famosas praias das Pitangueiras, Enseada e Pernambuco, atendem ao primeiro perfil. São bastante cheias, com infraestrutura completa: quiosques, ambulantes e afins. Já as praias isoladas do balneário são um pouco mais afastadas, mas todas com bons acessos e algumas com pouca estrutura. Como falamos acima, a praia Branca, Preta e Camburi, tem acesso pela trilha das Ruínas, ou pelo mar, e a Branca tem infraestrutura de praia. O normal é chegar por ali e encontrar pouca gente aos finais de semana e durante a semana estão totalmente vazias.
Praia do Éden
Uma pequena faixa de areia de 150 metros entre a Praia de Pernambuco e Sorocotuba. Essa é a praia do Éden e faz jus ao nome. Tranquila, mas com o mar um pouco mais bravo, possui um único quiosque, e precisa de uma pequena trilha para se chegar até a faixa de areia. No local tem estacionamento e de lá você faz esse caminho, de uns 20 minutos, para se chegar até esse paraíso.
Condomínio Praia do Iporanga
A fama veio com o condomínio de luxo, mas o que a grande maioria não sabe é que a praia é aberta ao público e, sem dúvida, uma das mais lindas da região. Na realidade, a entrada do condomínio dá acesso a três praias: Iporanga, São Pedro e das Conchas. Iporanga fica em uma área de preservação ambiental, com entrada no quilômetro 17,5 da estrada que leva para Bertioga, no meio da Serra do Guararu.
Para quem é visitante, o condomínio exige identificação na entrada. São dois estacionamentos reservados para os turistas, caso estejam lotados, existe outro cerca de um quilômetro de distância da entrada do condomínio.
Iporanga é a mais famosa das três e a mais familiar, com suas águas calmas. Ali encontramos também uma cachoeira, fica no canto esquerdo da praia e tem fácil acesso para quem busca se refrescar. A praia das Conchas é mais uma dessas pequenas notáveis. Com só 150 metros, águas calmas, cheia de conchas nas suas areias e formações rochosas que criam deliciosas piscinas naturais. Já São Pedro é o paraíso dos surfistas. Uma praia de tombo, com ondas altíssimas e é a turma das pranchas que você verá por lá.
Praia do Sangava
Aqui está outra pequena praia, são 90 metros de mar cristalino e calmo. O Sangava é mais para aventureiros, já que a trilha é de médio a difícil acesso e não tem nenhuma infraestrutura. Aqui é para quem realmente quer um dia em meio ao verde da Mata Atlântica e tranquilidade. Para chegar ao Sangava o acesso é feito pela Estrada Santa Cruz dos Navegantes, dali pega-se a primeira trilha, a do Góes, curtinha e fácil, e depois a trilha do Sangava, essa a mais difícil. A trilha passa pelo Morro dos Limões, e já começa com uma subida de cerca de 300 metros. Tem cerca de uma hora de duração para se chegar à praia e não tem nenhuma sinalização.
Praia do Mar Casado
A praia do Mar Casado não é propriamente uma isolada, mas é bem mais tranquila que algumas das suas vizinhas. Com 400 metros de extensão, fácil acesso e alguma estrutura de praia, ela é ideal para famílias com as suas águas calmas. O nome vem da sua formação única: quando a maré está alta as águas da praia de Pernambuco se unem com as da praia do Mar Casado formando uma só praia e transformando o Morro do Mar Casado na Ilha do Mar Casado. Um espetáculo da natureza que certamente vale a visita.
Terra à vista
Quando estamos caminhando pela praia do Mar Casado é possível avistar no horizonte uma pequenina ilha solitária no meio do mar. É a ilha dos Arvoredos, um rochedo que fica pouco mais de um quilômetro da praia do Mar Casado, e está se transformando em um paraíso sustentável.
Fruto da imaginação de Fernando Eduardo Lee, que recebeu da Marinha Brasileira a concessão da ilha nos anos 50, é local de diversos estudos na área de biologia marinha, reutilização da água, viveiro, entre outros. Com mais de 37 mil metros quadrados de extensão e totalmente autossustentável em energia e água, a ideia da Fundação Fernando Eduardo Lee, que administra a estação desde o falecimento do proprietário, é inserir uma série de passeios guiados com foco em sustentabilidade, natureza e ecologia, história e até astronomia.
O passeio ainda não está aberto para visitação, mas a fundação acredita que passado o período da pandemia já estarão abertos ao público. Além de todas os investimentos sustentáveis no local, o viajante vai experimentar a sensação de estar em um rochedo no meio do mar, com uma natureza única, construções dos anos 50 e um modo pitoresco de se chegar ali: por meio de um guindaste que puxa uma gaiola suspenso por uma fênix de concreto. Certamente o viajante sairá de lá cheio de histórias para contar.
O Guarujá, sem dúvida, é uma opção interessante para se fazer turismo. Agrada a diversos perfis de viajantes, com uma infraestrutura única e ao mesmo tempo com pontos isolados, o turista pode fazer trilha pela manhã, passar a tarde em uma praia deserta e na parte da noite jantar em um restaurante pra lá de especial. Vale a viagem!
Como chegar
O Guarujá está localizado na região da baixada santista, no litoral sul de São Paulo. Fica em uma ilha, a Ilha de Santo Amaro, terceira maior do litoral paulista. Da capital são 85 quilômetros até o balneário.
O acesso pode ser feito pelas rodovias Anchieta/Imigrantes e Cônego Domenico Rangoni. Para quem vem do Rio de Janeiro, a rodovia é a Rio-Santos. Você pode também fazer a travessia de balsa saindo de Santos, na Ponta da Praia ou de Bertioga.
Onde ficar
Delphin Hotel
https://www.delphinhotel.com.br
Telefone: (13) 3797-6000.
Onde comer
Restaurante Dona Eva
Telefone: (13) 3797-6001.
Tahiti
Telefone: (13) 3387-2272.
Há mais de 20 anos atraindo clientes de todas as partes do Brasil e do mundo, o Tahiti Restaurante destaca-se pelo cardápio variado, com excelentes opções de pratos, e sua vista única do mar. Especializado em frutos do mar, os pratos são assinados pela chef executiva Maria Dias, âncora do canal Saudável Comigo, veiculado pelo YouTube.
Rudy's Bar
Telefone: (13) 3386-1697.
Alcides Restaurante
Telefone: (13) 3387-6323.
O Alcide’s Restaurante é um verdadeiro convite aos amantes da boa gastronomia. Desde 1979, o restaurante é um dos mais tradicionais da cidade, onde você completa a sua experiência com menu variado, com peixes e frutos do mar, aves, carnes e massas. Aos sábados, tem a tradicional feijoada,
Quem leva - Passeios
Agência Nação Ecológica
http://www.nacaoecologica.com.br
Telefone: (13) 99114-3225.
Agência Guarujá Radical
https://guarujaradical.com.br
Telefone: (13) 99614-8129.
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Boa viagem!
Texto: Viviane Auerbach.
O Falando de Viagem viajou com apoio do Visite Guarujá e Delphin Hotel.
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